Escola
Estadual de Ensino Médio Ildefonso Simões Lopes
Professora:
Sirlei
2013
A comunicação feita
por slides
Como aprimorar o uso de
recursos multimidiáticos em apresentações
Maria Helena de Nóbrega
Falar em
público não é mais uma atividade restrita a grupos específicos de
profissionais. Além de professores e advogados muitas outras categorias veem-se
obrigadas a vencer a fobia social e encarar apresentações para grupos grandes
ou pequenos. Seja para demonstrar os resultados dos negócios, seja para
justificar mudanças na estratégia empresarial, poucos escapam da situação de
ter de se expor publicamente. Até os estudantes de graduação têm de fazer a
apresentação oral do trabalho de conclusão de curso e enfrentar a arguição dos
avaliadores.
A apreensão
natural decorrente dessas atividades agrava-se pela obrigatoriedade bastante
generalizada de que algum recurso visual deva ser utilizado. Dentre as várias
opções - quadro branco, blocos de papel (flip chart), projetor de slides,
projetor de vídeo, retroprojetor -, o projetor multimídia tem se destacado. Por
ser um sistema que permite demonstrar informações na tela na forma de texto,
imagens, sons, vídeos e animações, muitos auditórios e salas de reunião já
possuem esse equipamento instalado.
A funcionalidade
desse recurso é fácil de ser reconhecida, pois os programas de computador
disponíveis no mercado são autoexplicativos e orientam o usuário sobre como
criar as telas. O problema decorre da má utilização dos numerosos recursos
gráficos, ferramentas de formatação, cores, sons e animação. Usados em excesso,
esses visuais podem confundir o público, em vez de auxiliá-lo na apreensão da
mensagem.
Portanto,
telas com textos longos, lidos pelo apresentador, exemplificam mau uso da
ferramenta. Visuais que distraem a atenção do público devem ser dispensados. Em
suma, se o elemento visual cria rivalidade com a fala do orador, rouba-lhe a
cena, não se harmoniza com o conteúdo da fala, é melhor que ele não participe
do evento.
Para fazer do
multimídia um aliado poderoso, é preciso analisar como ocorre o processo de
recepção da mensagem. A produção de efeitos adequados ao conteúdo da mensagem
é, afinal, condição para que a tecnologia visual facilite a exposição e
compreensão do tema, contribuindo de forma decisiva para a dinâmica da
apresentação.
O fato
indiscutível é que as telas, sozinhas, não garantem boas apresentações.
Recursos tecnológicos bem utilizados precisam, sobretudo, somar-se à linguagem
corporal natural e elegante, bem como ao estilo marcante do orador. No
somatório desses elementos, no carisma e na credibilidade de quem fala é que se
encontra o sucesso da apresentação.
Maria
Helena da Nóbrega é professora de língua portuguesa na USP, autora de Estratégias
de comunicação em grupo (Atlas, 2007).
Em primeiro lugar, seria
interessante considerar em que tipo de apresentação o multimídia é útil e, se
for mesmo necessário, como fazer uso produtivo dele. Por exemplo: se a
apresentação é sobre todas as peças que compõem um avião, sua utilidade é
ampla: pela dificuldade de levar o avião ao local, montá-lo e desmontá-lo na
frente do público, podem-se projetar imagens das peças, uma a uma, com a
consequente montagem do aparelho. Tudo isso pode ser acompanhado de música, de
forma a diluir o tédio das explicações por vezes excessivamente técnicas. Como
a desmontagem e montagem já estão prontas nas imagens, o recurso permite
considerável economia de tempo, precisão e facilidade na explanação. Para
mostrar imagens, portanto, o multimídia é de grande valia. Além de fotos,
podem-se projetar vídeos, com o enriquecimento do sistema de som. O recurso
audiovisual sem dúvida acrescenta dinâmica à apresentação, seduz os ouvintes e
auxilia a assimilação da mensagem.
A linguagem verbal
Há muitas situações em que
o multimídia é usado para projetar só elementos da linguagem verbal. A
composição da mensagem na tela produz efeitos de sentido diferentes dependendo
dos recursos que a compõem. Deve-se pensar em tudo: no tipo e tamanho de letra,
na diagramação, nas cores, nos efeitos de animação, no tempo da leitura das
informações. A soma desses elementos é que torna a tela palatável ou não para o
público.
Os tipos recomendados de
letra são Verdana, Arial, Calibri. O melhor é evitar a Times New Roman, tão
usada para impressos, pois pertence ao grupo das chamadas letras serifadas,
próprias para impressão. Tudo tem de ser avaliado em função da projeção, ou
seja, o que é mais fácil de ler na tela, sobretudo para pessoas mais distantes
dela. Sugere-se tamanho da letra de 28 a 32 no texto e, para o título, acima de
40. Mas a disposição das letras deve parecer sedutora na tela. Além de
organizar as linhas, ajuda na visualização usar a parte de cima da tela e, sem
sobrecarregar o slide, manter espaçamento entre informações. Antes mesmo de
ler, a sensação sobre o desenho da tela invade os sentidos de quem a vê: se a
tela tiver excesso de palavras, "entra" de forma pesada nos olhos,
sobrecarrega-os de informações das quais a pessoa quer logo livrar-se.
Desnecessário dizer que
telas com texto exigem revisão gramatical criteriosa. Se contiverem erros, isso
será avaliado de forma negativa: revela que o autor desconhece a linguagem
padrão ou não dedicou tempo necessário para a edição do texto. Convém não
abusar da benevolência do público!
Slide sem excesso de
informação
A falta de sedução para a
leitura das telas também ocorre quando há excesso de informação. Nesse sentido,
é produtiva a comparação entre a tela projetada e o outdoor. Em ambos os casos,
a informação deve ser transmitida de forma extremamente rápida, de 5 a 8
segundos. Mais do que isso, a leitura da tela deixa de ser coadjuvante e impede
que o ouvinte preste atenção no orador.
Assim, fica claro que a
tela deve conter poucas palavras e poucas linhas: 7 por 7 é uma boa conta! No
máximo, recomendam-se em torno de 7 palavras por linha e 7 linhas por tela.
Trabalha-se, portanto, com
tópicos, que serão esclarecidos pela exposição do orador.
Raramente há justificativa
para colocar raciocínios completos na tela, afinal, se a tela explica tudo, o
apresentador está dispensado. Melhor ainda: se a tela contém todas as
informações que são meramente lidas pelo orador, é conveniente cancelar a
apresentação e enviá-la por e-mail aos participantes, para que eles leiam o
texto sossegadamente onde e quando quiserem.
Do exposto, conclui-se que
escanear a página de um livro, projetá-la e lê-la são inadequações que podem
abalar a usual indulgência
dos ouvintes.
dos ouvintes.
O tipo e tamanho da letra,
bem como a diagramação, diferem substancialmente na produção de um texto que se
prestará à leitura ou à projeção. Por exemplo: o título nos textos impressos
normalmente é grafado em CAIXA ALTA e negrito. Embora seja possível manter o
negrito para informações projetadas, a leitura fica mais nítida quando se usa
só a inicial de cada palavra do título em letra maiúscula: "Como Fazer
Apresentações em Eventos Acadêmicos e Empresariais".
A sofisticação das
telas
CORES - As cores contribuem para a sedução.
Mas é preciso usá-las com parcimônia. Recorrer à grande número delas surtiria
um efeito carnavalesco. Para apresentações sóbrias, como as profissionais e
acadêmicas, sugerem-se três cores no máximo, harmoniosas e usadas para
destacar, contrastar ou agrupar dados. Pode-se selecionar primeiramente a cor
de fundo e depois uma cor de letras que gere contraste atraente. Padronizam-se
as telas, criando coesão informacional. Fundo claro com letras escuras torna a
leitura mais legível e menos cansativa.
RECURSOS DE
ANIMAÇÃO
- São bem
variados nos programas de computador. Podem inserir efeitos que façam cada
informação entrar girando, piscando, aumentando, diminuindo, pela esquerda ou
direita, por cima e mais o que a criatividade do usuário ousar. Mas, em
excesso, surtem efeito espalhafatoso: em vez de enriquecer a apresentação,
distraem a atenção do público, dispersam, roubam o espaço do apresentador e
afastam o ouvinte do tema da apresentação.
LUZ DE PROJEÇÃO - O orador não deve entrar na luz de
projeção. Isso atrapalha a visualização das telas. A luz é para a projeção das
telas, não para o apresentador. A figura dele projetada na tela, sobrepondo-se
ao texto, cria resultado ruim, diferente do efeito de sentido que a clareza da
apresentação pressupõe. É por isso que a localização ideal da tela é lateral ou
acima do orador, para que ele possa estar no centro e não atrapalhar a
projeção. Na falta dessa disposição, cabe ao orador improvisar a movimentação,
sem projetar a própria sombra na tela.
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